Vírus da Covid-19 infecta células musculares do coração, conclui estudo

Pesquisadores dos EUA mostraram que o Sars-CoV-2 afeta a contração cardíaca e que a resposta imunológica à infecção no órgão pode indicar consequências de longo prazo

Não se sabia até agora se as complicações no sistema cardíaco observadas em pacientes com Covid-19 tinham a ver com as consequências de inflamações causadas pelo Sars-CoV-2 em outras partes do corpo ou se o próprio novo coronavírus tinha a capacidade de infectar células do coração. A segunda opção teve evidências constatadas por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos.

No fim de fevereiro, eles publicaram um estudo no periódico Journal of the American College of Cardiology: Basic to Translational Science em que mostram que o Sars-CoV-2 também invade e se replica em células musculares cardíacas, causando morte celular e alterações na contração dos músculos do órgão.

Estudo conclui que células musculares cardíacas humanas (vermelhas) são infectadas com Sars-CoV-2 (verde). (Foto: Lina Greenberg)
Estudo conclui que células musculares cardíacas humanas (vermelhas) são infectadas com Sars-CoV-2 (verde). (Foto: Lina Greenberg)

Os especialistas criaram um modelo de tecido cardíaco a partir de células-tronco para reproduzir a reação celular gerada por uma infecção humana. Também projetaram tecidos que mimetizam a contração de músculos. A conclusão foi que a infecção viral não apenas mata as células musculares do coração, como também destrói a fibra responsável por contrair o órgão que bombeia sangue para o corpo.

Em relação à possibilidade de uma inflamação prejudicar o desempenho cardíaco, o autor principal do estudo, Kory J. Lavine, explica que, mesmo na ausência de infecção em outras partes do corpo, foi observada a morte de células e fibras musculares do coração. “A inflamação pode representar um segundo impacto em cima dos danos causados pelo vírus, mas ela por si só não é a causa inicial da lesão cardíaca”, diz o pesquisador, em nota.

Preocupação na resposta imunológica

Geralmente, as células T e B atuam na resposta do sistema imunológico a vírus que afetam o coração. No caso do Sars-CoV-2, no entanto, quem está respondendo majoritariamente à infecção viral são os chamados macrófragos, monócitos e células dendríticas.

Lavine explica que as células T e B tendem a estar associadas a uma doença relativamente curta. Já as células imunes vistas respondendo à inflamação cardíaca causada pelo novo coronavírus costumam agir em condições crônicas, que podem ter consequências de longo prazo. Essa diferença na resposta imune é motivo de atenção para os cientistas, que ainda estão em busca de mais pesquisas para entender o que ela significa.

O autor faz ainda um alerta para os jovens e informa que mesmo aqueles que tiveram sintomas leves podem, mais tarde, vir a desenvolver problemas cardíacos que limitem sua capacidade de se exercitar. “Queremos que todos levem esse vírus a sério e façam o possível para impedir sua propagação, para que, no futuro, não tenhamos uma epidemia ainda maior de doenças cardíacas evitáveis”, incentiva Lavine.

FONTE: REVISTA GALILEU

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