Cientistas de Singapura notaram que, em pessoas infectadas sem sintomas, essas células de defesa produzem proteínas sinalizadoras que ajudam a coordenar a reação do sistema imunológico ao Sars-CoV-2
Ao analisarem amostras de sangue de pessoas que testaram positivo para a Covid-19, pesquisadores de Singapura descobriram que a resposta das células T (também chamadas de linfócitos T), pode explicar por que existem casos assintomáticos da doença. Os resultados foram publicados no último dia dia 1º de março no Jornal Of Experimental Medicine (JEM).
No estudo, os pesquisadores selecionaram trabalhadores do sexo masculino de um condomínio de Singapura onde havia número elevado de casos de Covid-19, em abril de 2020. Eles estudaram a resposta de defesa das células T em 85 homens assintomáticos, mas que estavam infectados pelo Sars-CoV-2.
Além disso, os cientistas também consideraram 75 pacientes hospitalizados com sintomas de leves a graves em três instituições hospitalares no país: o Hospital Geral de Singapura, o Hospital da Universidade Nacional e o Centro Nacional de Doenças Infecciosas.
Após coletarem sangue regularmente de todos os participantes, os especialistas tiveram uma surpresa ao concluírem que a frequência com que as células T reconheciam as proteínas virais do Sars-CoV-2 tanto nos voluntários assintomáticos quanto nos internados com sintomas era muito similar.
No entanto, as células T de indivíduos assintomáticos produziram maiores quantidades de duas proteínas chamadas IFN-γ e IL-2. Essas proteínas sinalizadoras, ou citocinas, ajudam a coordenar a resposta do sistema imunológico ao vírus.
Portanto, os experts notaram que, graças às células T, a resposta imune ao Sars-CoV-2 é muito mais assertiva em indivíduos assintomáticos. Isso é importante porque ainda pouco se sabe sobre o mecanismo delas nos pacientes sem sintomas, embora já se entenda que anticorpos também tenham um papel fundamental na defesa do organismo.
Estudos anteriores já tinham sugerido inclusive que quem não apresenta sintomas precisa produzir menos anticorpos contra o Sars-CoV-2 do que quem é sintomático. Mas ainda é preciso investigar as células T e realizar testes em grande escala que foquem nesse assunto, segundo os pesquisadores.
“Essas infecções assintomáticas podem fornecer a chave para entender como o sistema imunológico pode controlar o vírus sem desencadear processos patológicos”, defende, em comunicado, a líder da pesquisa, Nina Le Bert, pesquisadora da NUS Medical School, em Singapura.
FONTE: REVISTA GALILEU