Doença é a mais relacionada às mortes de pessoas com menos de 60 anos de idade. Veja as recomendações para os cuidados durante a quarentena
A obesidade é uma doença crônica, considerada fator de risco para o desenvolvimento de diversos quadros patológicos. Dentre eles, infarto, hipertensão e diabetes são os mais conhecidos por sua relação direta. Agora, com o novo coronavírus, ela também é um dos principais fatores para o agravamento da covid-19. Mas, o destaque é que o número de óbitos alerta sobre o perigo dessas comorbidades principalmente ao grupo com menos de 60 anos de idade, que não são considerados “grupo de risco”.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o novo coronavírus, do número de óbitos de todos os grupos de risco (com cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença neurológica ou renal), a maioria era indivíduos idosos (60 anos ou mais), exceto quando a comorbidade associada era a obesidade. Mais da metade das pessoas obesas que morreram devido à covid-19 tinha menos de 60 anos. No entanto não é possível saber uma média de idade do grupo.
O dado é um sinal de alerta para o país, já que a obesidade teve um aumento expressivo nos últimos anos. De acordo com o Ministério da Saúde, o número de pessoas obesas no Brasil cresceu cerca de 68% no período de 2006 a 2018.
Por que a obesidade é um fator de risco?
Para uma pessoa ser considerada obesa, o critério mais utilizado é o índice de massa corpórea (IMC). O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Josemar de Almeida explica o cálculo: divide-se a massa (em quilogramas) do indivíduo pelo valor da altura (em metros) ao quadrado. Caso o resultado seja maior ou igual a 30 Kg/m2, considera-se o indivíduo obeso.
No entanto, outro critério utilizado é a medida da circunferência abdominal. De acordo com Josemar, se ultrapassar 88 cm, no caso das mulheres, e 102 cm nos homens, a pessoa pode ser considerada obesa, mesmo que o IMC seja menor que 30 Kg/m2. E quais as causas da doença?
O professor também explica o porquê de o acúmulo de gordura ser um possível fator de agravamento de doenças. No caso do novo coronavírus, ele lembra que o risco aumentado pela obesidade não é para ser infectado, mas de ter complicações se isso acontecer, podendo precisar de internação, inclusive em CTI, e precisar de respiração ou ventilação mecânica:
Obesidade é o principal fator associado aos jovens que morrem por covid-19
Doença é a mais relacionada às mortes de pessoas com menos de 60 anos de idade. Veja as recomendações para os cuidados durante a quarentena
*Giovana Maldini
A obesidade é uma doença crônica, considerada fator de risco para o desenvolvimento de diversos quadros patológicos. Dentre eles, infarto, hipertensão e diabetes são os mais conhecidos por sua relação direta. Agora, com o novo coronavírus, ela também é um dos principais fatores para o agravamento da covid-19. Mas, o destaque é que o número de óbitos alerta sobre o perigo dessas comorbidades principalmente ao grupo com menos de 60 anos de idade, que não são considerados “grupo de risco”.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o novo coronavírus, do número de óbitos de todos os grupos de risco (com cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença neurológica ou renal), a maioria era indivíduos idosos (60 anos ou mais), exceto quando a comorbidade associada era a obesidade. Mais da metade das pessoas obesas que morreram devido à covid-19 tinha menos de 60 anos. No entanto não é possível saber uma média de idade do grupo.
O dado é um sinal de alerta para o país, já que a obesidade teve um aumento expressivo nos últimos anos. De acordo com o Ministério da Saúde, o número de pessoas obesas no Brasil cresceu cerca de 68% no período de 2006 a 2018.
Obesidade e quarentena
“Com a família toda em casa e a falta de lazer, acabam recorrendo ao excesso de comida como uma compensação. É realmente difícil manter o peso, mas é importante a disciplina”, reconhece o especialista. Uma medida para evitar isso é não ter essas opções de “comfort food” em casa, facilitando as “tentações”.
“A ideia é que o indivíduo mantenha uma rotina, com alimentação mais saudável, menos calórica, principalmente os que sabem que tem o risco. É muito importante também tentar driblar essa dificuldade com atividades físicas preferencialmente aeróbica”
Há o lado em que pessoas comem mais do que precisam e há aqueles em que se preocupam tanto em não engordar ou perder os quilos indesejados que recorrem às dietas rigorosas, de emagrecimento rápido. Segundo o professor, os dois têm risco, já que a perda de peso, por si só, não condiciona a melhora na saúde do indivíduo.
Dieta balanceada, seguindo uma rotina de alimentação adequada, disciplina e mastigação correta é o ideal para quem tem o objetivo de emagrecer e ter saúde.
“O ideal em uma dieta é não passar fome, pois ela é nossa inimiga. A fome desperta um instinto primário, o que provoca um exagero no consumo alimentar dessas pessoas”
Josemar de Almeida
Durante a pandemia, deve-se sair de casa apenas para o essencial, como ir a farmácias e supermercados (desde que usando máscara). Isso significa que as compras também tiveram impacto e é necessário planejar melhor o que colocar no carrinho.
Não é só comida
A profissional de Educação Física e mestre em Ciências do Esporte pela UFMG, Patrícia Gomes, lembra que, além da alimentação, a prática regular de exercícios físicos é essencial para manter a saúde. Por isso, ela dá dicas de como exercita-se e incluir o hábito na quarentena.
“Para manutenção da força muscular de quem já tinha o hábito, exercícios com o próprio peso corporal são ótimas opções, já que não são necessários equipamentos para a execução. Quando se tem crianças em casa, explorar diferentes ambientes do lar, através de brincadeiras que utilizam como base movimentos corporais (como pega-pega), pode se transformar em divertidas sessões de exercício aeróbico”, indica Patrícia.
A quem deseja emagrecer, ela recomenda os exercícios aeróbicos. Caminhada pela casa ou quintal, por exemplo, é uma ótima forma de atividade física nesse período da quarentena. Quem não tem espaço dentro de casa, outras opção é andar pelo estacionamento do prédio ou em um quarteirão vazio, desde que siga as recomendações de proteção à covid-19, como o uso de máscaras, manter distância de outras pessoas, lavar as mãos ao chegar e não entrar com os sapatos dentro de casa.
A dança também é uma opção de exercício aeróbico que chama a atenção já que une a diversão. Vídeos na internet ensinam coreografias que podem ser executadas mesmo na sala e há as famosas “lives dos artistas” nesse período que entretêm e incentivam a movimentar o corpo.
“Continuar com uma rotina de exercícios é fundamental neste período de quarentena. Além de manter o condicionamento físico, ela é essencial para a saúde física e mental da população. A prática de alongamentos, ioga e meditação, por exemplo, são ótimas opções para relaxar o corpo e a mente”
Patrícia Gomes, profissional de Educação Física
Patrícia Gomes ainda reforça os cuidados: “Ao realizar exercícios em casa, essas pessoas devem estar atentas a dores e desconfortos durante as atividades. Uma vez que a obesidade é uma doença multifatorial e está associada a doenças cardiorrespiratórias, o cuidado deve ser redobrado. Caso sintam sintomas como dores no peito, falta de ar, palpitações ou suor frio, a atividade deve ser imediatamente suspensa”.
“Tenha uma disciplina alimentar, mas não deixe de aproveitar a vida. Busque outras fontes de prazer, porque limitá-lo ao excesso de comida é muito fugaz e seguido de uma culpa enorme. Também é importante a participação de familiares e pessoas próximas a esses indivíduos. Neste momento, eles precisam de apoio”
conclui o professor Josemar de Almeida
FONTE: UFMG