Acupuntura para tratamento de dor de cabeça (cefaleia)

A maioria das pessoas sofre ocasionalmente de dores de cabeça e considera isso uma situação normal. A dada altura, a cefaleia tende a tornar-se um problema, quando intensa e/ou frequente. Basicamente, as cefaleias podem ser divididas em aguda, sub agudas e crônicas. No caso das crônicas, todas tem uma base neurobiológica, são incapacitantes e diminuem a qualidade de vida.

Existem vários tipos de cefaleia e, quase 90% das cefalalgias encontradas nos ambulatórios diariamente, se encaixam no grupo das cefaleias crônicas. As formas clínicas mais frequentes são a enxaqueca com ou sem aura, a cefaleia do tipo tensional e a cefaleia em salvas. Apesar disso, a maioria dos pacientes chamem de enxaqueca toda e qualquer cefaleia recorrente. Existe ainda um tipo importante que é a cefaleia por uso excessivo de medicamentos. Trata-se de uma cefaleia secundária, mas que ocorre apenas como complicação de uma cefaleia pré-existente, em geral, do gênero enxaqueca ou cefaleia tipo tensão.

Enxaqueca

A enxaqueca realmente constitui um dos tipos mais frequentes de cefaleia, e por ser uma patologia crônica, ocasiona uma série de alterações comportamentais que desencadeiam consequências físicas, sociais e psicológicas nos indivíduos afetados.

A prevalência da enxaqueca varia de 12% a 16% na população geral, sendo mais comum em mulheres do que nos homens (proporção de 3:1).  As enxaquecas geralmente ocorrem dentro dos grupos familiares. Em geral, 60% das pessoas que tem enxaqueca possuem um membro próximo da família que também têm. Contudo, não quer dizer com isto que é um distúrbio genético ou hereditário, e sim, uma predisposição genética ou padrão aprendido de comportamento.

A OMS coloca a enxaqueca como uma das vinte enfermidades que mais provocam ausências laborais. Pessoas que sentem enxaqueca perdem, ao ano, trinta dias de trabalho, com uma média de três crises por mês. Cada uma dessas crises pode durar de quatro a setenta e duas horas. Isto representa prejuízos importantes em termos econômicos.

Dessa forma, a cefaleia recorrente é incapacitante e não só constitui um problema para quem a sofre, como também para quem tem convívio constante com essas pessoas como a família, os colegas de trabalho e os empregadores. Podem comprometer o estilo de vida do doente, não só durante as crises, mas também ao tentar evitá-las. Assim sendo, as cefaleias episódicas podem provocar um impacto contínuo da qualidade de vida dos indivíduos afetados.

O tratamento medicamentoso geralmente apresenta alto custo, resultados relativos e baixa tolerabilidade. Embora os medicamentos preventivos existam, eles não são necessariamente eficazes para todos os pacientes e podem causar efeitos colaterais graves. Apesar dos benefícios da medicação, muitos pacientes continuam experimentando a angústia e o rompimento social. Por isso, muitos profissionais de saúde tem recomendado enfoques não farmacológicos para os cuidados para com as cefaleias.

Tratamento com acupuntura

O tratamento com acupuntura é indicado para todos os tipos de cefaleia que não estejam relacionadas com uma doença de base e que não tenham causa anatômica. Ou seja, é indicado para aquelas de origem energética (alteração nos meridianos de acupuntura) e inflamatória. É preciso lembrar a importância da anamnese, do exame neurológico e clínico na investigação.

Tratando cefaleia sem remédios: o que funciona?

Na grande maioria das vezes, o diagnóstico é clínico. Se respeitada esta tríade (anamnese, avaliação neurológica e clínica), os exames complementares, quando necessários, serão mais objetivos. Isso também vai fazer com eles sejam menos onerosos, propiciando um início de terapêutica mais precoce, beneficiando o paciente.

Em geral, trata-se com acupuntura as cefaleias do tipo enxaqueca e tensional, relacionadas ao estresse. As cefaleias devido ao uso abusivo de medicamentos também são tratáveis visto que o paciente durante o tratamento vai ficando cada vez mais confiante e diminui o uso dos medicamentos. A eficácia do método está em seu efeito analgésico e anti-inflamatório, tornando-se uma alternativa ao uso excessivo de medicamentos com bons resultados.

A revisão da Biblioteca Cochrane, publicada em 2016, mostra que a acupuntura pode ser considerada uma opção de tratamento para pacientes dispostos a se submeter a este método. Em termos de profilaxia, os ensaios disponíveis também sugerem que a acupuntura pode ser pelo menos tão eficaz quanto o tratamento com medicamentos profiláticos.

Quando o tema é cefaleia tensional, os resultados disponíveis na mesma revisão sugerem que a acupuntura é eficaz no tratamento de episódios frequentes de cefaleia ou de cefaleia crônica tensional, mas são necessários mais ensaios – particularmente comparando acupuntura com outras opções de tratamento.

Uma revisão publicada em 2013 (Archives of Health Investigation V.2 – 2013), analisando material publicado no período entre 1996 e 2012, evidencia que a acupuntura é eficaz no tratamento da cefaleia, reduzindo a necessidade de medicação, proporcionando analgesia, relaxamento, promovendo a liberação de opióides, produzindo efeitos homeostáticos e harmonizando psicologicamente o indivíduo. A acupuntura é destacada como uma terapia não medicamentosa efetiva para tratar a enxaqueca pois, além de controlar a dor, é uma especialidade segura, econômica e sem efeitos colaterais.

O tratamento inicialmente pode ser feito com sessões uma a duas vezes na semana, com duração de trinta a cinquenta minutos, e a escolha dos pontos será sempre individualizada e baseada no diagnóstico sindrômico da Medicina Tradicional Chinesa. Os resultados podem ser observados logo durante o primeiro mês de tratamento, dependendo da frequência e da intensidade das crises que o paciente apresentava antes de iniciar a acupuntura.

O objetivo é tornar as crises menos frequentes e menos intensas, de forma que a dor não seja incapacitante e permita ao paciente seguir seu ritmo de vida normal. Os pacientes tratados com acupuntura referem, além do alívio para as dores, melhora do sono, do humor, maior facilidade no relacionamento com a família e os amigos, melhor desempenho no trabalho e mais confiança para enfrentar os dissabores do dia a dia.

Autora:

VEJA TAMBÉM

Saúde mental em tempos de crise

Tema da Semana de Psicologia do IESB Evento será realizado nos dias 2 e 3 …

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *