Interação positiva entre antioxidante presente na bebida e a proteína p53 pode abrir caminhos para o desenvolvimento de medicamentos contra a doença
Um antioxidante do chá-verde pode aumentar os níveis de p53, uma proteína que é conhecida como a “guardiã do genoma” devido a sua capacidade de corrigir danos no DNA e destruir células cancerígenas. Foi isso o que constataram pesquisadores do Instituto Politécnico Rensselaer, nos Estados Unidos.
A p53 exerce diversas funções que contribuem para o combate à replicação do câncer, como ativar o reparo de DNA e iniciar a morte celular caso o dano não possa ser corrigido. Uma extremidade da proteína, a chamada N-terminal, tem uma forma flexível que permite o desempenho de múltiplas ações e a comunicação com outras moléculas.
A descoberta, publicada na última sexta-feira (12) na revista Nature Communications, indica que um composto da bebida, o antioxidante epigalocatequina-galato (EGCG), interage direta e positivamente com a p53.
O EGCG é um antioxidante natural, responsável por impedir a desestabilização da célula e por atenuar os efeitos do estresse oxidativo — estado enfrentado pelo corpo quando muito esforço é exigido dele, como em infecções, diabetes e o próprio câncer.
A equipe de cientistas observou que a interação entre o EGCG e a p53 protege a proteína da degradação, como costuma acontecer naturalmente no corpo. Descrita por Chunyu Wang, um dos autores do estudo, como “indiscutivelmente a proteína mais importante no câncer humano”, a p53 geralmente é inibida após interagir com outra proteína chamada MDM2.
Wang explica que o antioxidante presente no chá-verde compete com a proteína MDM2 pois ambos se unem à p53 no mesmo lugar, o domínio N-terminal. “Quando o EGCG se liga à p53, a proteína não está sendo degradada através do MDM2, então o nível de p53 aumentará a partir da interação direta com o EGCG. E isso significa que há mais p53 para a função anticâncer”, esclarece o pesquisador, em comunicado.
Com a pesquisa, os especialistas esperam conseguir abrir a porta para o desenvolvimento de medicamentos com compostos semelhantes a esse antioxidante.
FONTE: REVISTA GALILEU