Estudo avalia uso de novas drogas sintéticas no Réveillon em 7 países

Análise do esgoto revelou presença das chamadas NPS na virada do ano de 2019 para 2020; mapeamento ajuda a classificar substâncias mais perigosas mundo afora

Dos oito países estudados, apenas um não apresentou sequer vestígios de NPS: a Noruega. Quanto aos outros sete, 16 tipos diferentes de NPS foram identificados. (Foto: University of South Australia)
Batizadas de NPS, as novas drogas sintéticas imitam drogas ilícitas com o objetivo de burlar a fiscalização. (Foto: University of South Australia)

A proliferação de novas drogas sintéticas – também conhecidas como NPS (novas substâncias psicoativas) – parece continuar em alta mundo afora, apesar das mortes e hospitalizações já associadas ao seu uso. Só na virada do ano de 2019 para 2020, elas foram identificadas em esgotos de pelo menos sete países, segundo um novo estudo conduzido pela Universidade da Austrália Meridional (UniSA).

A análise, considerada a mais ampla já realizada em águas residuais para detectar a presença dessas substâncias, monitorou 14 locais distribuídos entre Austrália, Nova Zelândia, China, Holanda, Espanha, Itália, Noruega e Estados Unidos, durante o Réveillon. Os resultados foram publicados no jornal Water Research, ligado à Associação Internacional da Água.

Dos oito países estudados, apenas um não apresentou sequer vestígios de NPS: a Noruega. Quanto aos outros sete, 16 tipos diferentes de NPS foram identificados. “A Holanda registrou o uso mais alto, seguida por Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos. Espanha, Itália e China tiveram a menor incidência de uso de drogas nas cidades participantes do estudo”, revela Richard Bade, químico analítico da UniSA, em nota.

Desenvolvidas a partir de misturas de diferentes substâncias psicoativas, as NPS foram projetadas para atender a dois objetivos: imitar drogas ilícitas (como cocaína, MDMA e LSD) e, com isso, burlar a fiscalização. Menos estudadas que as drogas tradicionais, essas combinações têm deixado profissionais da saúde e governos em alerta, já que podem causar complicações no quadro clínico de seus usuários mesmo quando consumidas em doses pequenas.

A mitragina – encontrada pelo estudo nos Estados Unidos –, por exemplo, é uma NPS que, segundo a análise, está por trás de quase metade das mortes relacionadas ao uso dessas substâncias no país. Outros tipos como a eutilona – detectada na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Holanda – e a N-etilpentilona – observada na Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos – também são conhecidas por causar fatalidades.

De todas as drogas detectadas, a metcatinona foi a mais prevalente – apareceu em sete países –, seguida pela N-etilpentilona e pela 3-MMC, que se mostraram presentes cada uma em três países. Austrália e Nova Zelândia foram as únicas a apresentarem vestígios da mefedrona (frequentemente referida como “drone” e “meow-miau”), sendo que, na véspera do Ano Novo, o território neozelandês registrou um aumento de 20 vezes no consumo da substância.

“O que torna as NPS tão perigosas é que elas foram originalmente vendidas como alternativas legais às drogas ilícitas convencionais, como ecstasy e cannabis, sugerindo que eram seguras quando, na verdade, havia muito pouca informação sobre sua toxicidade”, considera Bade. Para ele, apesar das proibições estabelecidas pelos governos após a identificação desse grupo de substâncias, “as NPS ainda são sintetizadas, transportadas e consumidas em todo o mundo”.

O grupo de pesquisadores espera que as amostras ajudem a complementar dados hospitalares, legais e forenses para identificar as classes de drogas mais perigosas mundo afora.

FONTE: REVISTA GALILEU

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