Ioga on-line se adapta para novo público durante pandemia

Professoras falam sobre aumento da procura por aulas no Brasil e dizem acreditar que interesse pela prática não deve diminuir após quarentena.

Fernanda Raiol — Foto: Reprodução/Instagram
Fernanda Raiol — Foto: Reprodução/Instagram

A busca na internet por ioga e meditação aumentou no Brasil com a pandemia de coronavírus. Páginas no Instagram, canais no YouTube e aplicativos sobre a prática têm sido ferramentas de auxílio para o controle emocional de muitas pessoas.

A procura é de quem fazia aulas e também dos que nunca ouviram falar em posições como Balasana (postura da criança) ou Trikonasana (Postura do Triângulo).

Segundo dados do Google Trends, a busca por temas relacionados à ioga se tornou crescente desde o dia 17 de março, quando aconteceu a primeira morte por Covid-19 no país. Logo após isso, a procura atingiu pico máximo no dia 28 de março. A busca pela prática variou ao longo do período, mas sempre se manteve em alta.

A análise da ferramenta classifica o interesse da busca que vai até 100 pontos. Antes de 17 de março, ele ficava na média 50 pontos (muitas vezes, abaixo). Depois, se manteve sempre na média dos 75 pontos, atingido o pico em diversos momentos.

O aumento de interesse é visto no crescente número de seguidores nas redes sociais de professores e praticantes famosos e inscritos em canais no YouTube. A plataforma organizou listas com base em vídeos que estão em alta: Yoga Comigo, Medite Comigo e Alongue-se Comigo.

Números multiplicados na quarentena

Pri Leite — Foto: Divulgação
Pri Leite — Foto: Divulgação

Pri Leite, que mantém um canal voltado para a prática de ioga desde 2014, viu o número de seguidores no Instagram dobrar em menos de dois meses, passando de 51 mil (em 19/3) para 120 mil (6/5), segundo dados da Social Blade. No período, o canal no YouTube foi de 310 mil inscritos para 513 mil.

“O maior feedback que eu tenho tido sem dúvida é: ‘suas aulas estão salvando a minha quarentena.”

“A prática de ioga não promete resolver todos os nossos problemas, mas sem dúvidas nos ajuda a ter a calma necessária e discernimento para resolvê-los.”

Socióloga e professora de ioga, Priscilla tem 33 anos, nasceu na cidade de Maracaju, Mato Grosso do Sul, e mora em Los Angeles, EUA, há dez anos.

“Este é um momento que exige muita adaptação e criatividade tanto para negócios quanto para famílias. Não existe manual de como lidar com toda essa mudança em um período tão curto de tempo. Por isso, as pessoas buscam uma válvula de escape. A ioga nos ajuda a nos conectar com o momento presente, além de cuidar do corpo e acalmar a mente, pode ser praticada por pessoas de todas as idades, inclusive crianças.”

Fernanda Raiol, que também apresenta números expressivos em seus canais ao longo da quarentena, tem opinião semelhante.

“Algo novo sempre desestabiliza e nos tira de nossa zona de conforto. Então com a mente a mil, a gente sente a necessidade de parar um pouco nosso fluxo de pensamento.”

“E aí vem a necessidade por práticas que beneficiem o corpo e acalmem a mente”.

Assim como Pri Leite, Fernanda viu seus números crescerem. No Instagram, ela foi de 38 mil (em 19/3) para 66 mil seguidores (6/5). Já em seu canal do YouTube criado em 2018, quase triplicou o número de inscritos, passando de 53 mil para 148 mil no mesmo período.

Fernanda Raiol — Foto: Reprodução/Instagram
Fernanda Raiol — Foto: Reprodução/Instagram

O número total de visualizações nos vídeos do canal também quase triplicou, indo de 1,3 milhão para 3,5 milhões. Segundo Fernanda, os números dos vídeos que estão reunidos na playlist para iniciantes do canal contribuíram para este aumento.

“Além disso, os de flexibilidade, vídeos pra dor nas costas e o de acordar bem, que são feitos na cama, também cresceram muito.”

Adaptações

Com o aumento pela busca por ioga por iniciantes, os canais fizeram algumas alterações. Nas aulas on-line no Instagram, por exemplo, posições mais complicadas como a sirsasana (conhecida como invertida ou parada de cabeça) são evitadas.

Alguns professores também citam adaptação de materiais para a prática em um primeiro momento (almofadas e toalhas, por exemplo, podem ser úteis para quem não tem o tapete para ioga).

“A gente não precisou fazer tantas mudanças pelo fato de o canal já ter como foco oferecer um conteúdo didático e inclusivo pra tornar a ioga acessível a todos. A gente fez apenas algumas poucas mudanças na priorização das postagens do canal e deu um foco maior pra iniciantes”, conta Fernanda.

Já Pri Leite criou a playlist “Yoga para não surtar”, onde selecionou aulas que ajudam as pessoas a lidarem com stress e ansiedade.

Apesar do foco em novos usuários e na realidade da pandemia, Pri Leite não mudou sua rotina de gravação nem aumentou número de postagens.

“Acredito fortemente que a minha saúde e da minha família vem em primeiro lugar, por isso continuei minha rotina. É muito comum entre os criadores de conteúdo o famoso burn-out, e eu não quero isso. Não tem como eu ajudar a minha comunidade se eu não estiver bem. Por isso, focamos tanto em autocuidado e autoconhecimento.”

“Acho importante falar sobre isso, pois todos nós – criadores de conteúdo ou não – precisamos encontrar um ritmo que seja saudável e sustentável.”

Pri Leite durante aula de yoga — Foto: Divulgação
Pri Leite durante aula de yoga — Foto: Divulgação

Interesse pela prática no futuro

Priscilla e Fernanda acreditam que o interesse pela ioga deve se manter mesmo após o fim da quarentena. “Talvez não seja na mesma intensidade por conta do tempo que muitas pessoas têm com o transporte ao trabalho e coisas do tipo, que agora não estão tendo”, diz Fernanda.

“Porém, muitas pessoas nunca haviam parado pra se conectar com elas mesmas. Nunca haviam meditado ou cuidado do corpo e da mente dessa forma. Hoje elas estão criando esse hábito. Essa conexão com o bem-estar fica gravada e acaba trazendo a vontade de continuar com a prática no tempo que conseguir”, completa Fernanda.

Priscilla acredita que a prática de ioga é uma tendência que veio para ficar:

“Quando comecei a postar aulas de ioga em português no YouTube, era como se eu fosse uma anomalia. Aos poucos mais canais, empresas e apps foram surgindo. Vejo que o brasileiro tem cada vez mais interesse em conhecer a prática de ioga.”

FONTE: G1 BEM-ESTAR

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