Por ano, são 43 mil novos casos de tumores desse tipo, que resultam em 10 mil mortes
Com o intuito de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço, neste mês é celebrado o Julho Verde. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a cada ano surgem 43 mil novos casos de cânceres que envolvem as regiões da cabeça e pescoço, resultando em 10 mil mortes por ano.
“Infelizmente, percebemos que há uma incidência crescente desse tipo de câncer ao longo dos anos, ainda muito relacionada ao hábito do tabagismo, etilismo e, também, alguns casos decorrentes da contaminação pelo HPV (papiloma vírus humano)”, alertou a oncologista Martha Tatiane Mesquita dos Santos, do Hospital de Base (HB), que é referência no DF para o tratamento da doença.
Atenção aos sintomas
A médica explica que os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), esôfago, tireoide e seios paranasais.
É necessário ficar atento aos sintomas persistentes, como manchas avermelhadas ou brancas na boca, aftas, lesões nos lábios que não cicatrizam, rouquidão que não melhora, nódulos no pescoço, dificuldade para engolir e mudança na voz. Por isso, é fundamental buscar um serviço de saúde, identificar o câncer e realizar um diagnóstico precoce.
“Se qualquer sinal de alerta persistir por mais de 15 dias, é importante procurar uma avaliação médica”, adverte a oncologista. “Quanto antes o paciente for diagnosticado, maiores são as chances de cura e qualidade de vida após o tratamento.”
Avaliação e diagnóstico
O paciente precisa procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Após avaliação pelo médico, em caso de suspeita, a pessoa será encaminhada ao cirurgião de cabeça e pescoço ou, em caso de lesões na cavidade oral, ao otorrinolaringologista ou dentista.
O primeiro passo para o diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço é a avaliação do histórico clínico completo, além de um exame físico para detectar possíveis sintomas. Nos tumores de laringe, hipofaringe e nasofaringe, é utilizado um nasofibrolaringoscópio, aparelho que dispõe de fibra óptica dotada de uma luz intensa na extremidade para permitir a visualização da cavidade nasal.
Além desses métodos, para a obtenção do diagnóstico, o médico pode pedir outros exames de imagem e de laboratório, como ultrassonografia, radiografia, tomografia computadorizadas, ressonância nuclear magnética e PET- CT. Confirmada a lesão, realiza-se a biópsia. O material é, então, enviado para exame microscópico.
Tratamento individualizado
As principais opções de tratamento para pacientes com câncer de cabeça e pescoço podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia-alvo. Em muitos casos, podem ser administrados tratamentos combinados. É importante que todas as opções de tratamento sejam discutidas com o médico, bem como seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapte às necessidades de cada paciente.
O HB oferece tratamento multidisciplinar. O paciente é tratado pela equipe de cirurgiões de cabeça e pescoço em parceria com os oncologistas e radioterapeutas do serviço. “Discutimos a melhor abordagem para cada paciente: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, bem como se esses tratamentos devem ser feitos combinados ou de forma sequencial”, resume a oncologista do hospital.
O prognóstico dos cânceres de cabeça e pescoço varia conforme a fase de desenvolvimento. Nos casos precoces, a medicina acena com possibilidade de cura em torno de 70% a 90%. Já nos tumores maiores, com estágio avançado, a sobrevida cai para 30% a 50%.
Histórico da data
A International Federation Head Neck Oncology (IFNHOS), que estabeleceu a data de 27 de julho como o Dia do Câncer de Cabeça e Pescoço. A partir daí, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), considerando o quadro, criou o Julho Verde, campanha que conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da União Internacional para o Controle do Câncer para aumentar o conhecimento e promover educação e treinamento no diagnóstico, tratamento, resultados e pesquisa sobre o câncer de cabeça e pescoço.
FONTE: Agência Brasília com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF)
FOTO: N. Camargo/equipe @MinhaCapital