Pesquisa, que analisou dados de 300 mil norte-americanos, observou que quanto mais pessoas utilizam o acessório, menor o número de casos secundários decorrentes de um único diagnóstico de Covid-19
Além de simbolizar respeito e preocupação com a vida do próximo, usar máscara em tempos de pandemia é, sim, um fator de proteção contra a Covid-19. É o que reitera um estudo publicado nesta terça-feira (19) no The Lancet Digital Health, que se baseou em dados fornecidos por mais de 300 mil pessoas no Estados Unidos.
A pesquisa demonstra que um aumento de 10% no número de pessoas que usam a máscara está associado a uma probabilidade mais de 3 vezes maior de manter o número reprodutivo instantâneo (Rt), que mede o número de casos secundários decorrentes de um único caso, abaixo de 1. Isso é importante porque, segundo os cientistas, um Rt abaixo de 1 indica que a transmissão do novo coronavírus está diminuindo em determinada área.
Em novembro de 2020, um ensaio clínico compartilhado no Annals of Internal Medicine observou que o acessório não diminui de maneira significativa o risco de usuário ser contaminado pelo Sars-CoV-2. Contudo, em abril, um estudo publicado na Nature Medicine demostrou que que as máscaras podem reduzir a quantidade de vírus detectável no ar exalado de quem a usa.
“Nossas descobertas sugerem que o uso disseminado de máscaras faciais pode ajudar a controlar a transmissão do Sars-CoV-2”, afirmou Christina Astley, coautora da pesquisa e epidemiologista da Univerisdade Harvard, nos Estados Unidos, em declaração à imprensa. “O mundo está enfrentando uma cepa de coronavírus mais transmissível, os hospitais estão lutando com novos casos e os programas de vacinação ainda estão sendo implementados. São necessárias intervenções agora para reduzir a carga sobre nossos sistemas de saúde.”
A pesquisa também revelou que a taxa de uso da máscara aumentou durante o período da pesquisa, entre 3 de junho e 27 de julho de 2020, mas os autores não encontraram um crescimento significativo após a introdução da obrigatoriedade do uso do acessório em 12 estados dos EUA. Para eles, isso indica que a implementação de regras mais rígidas pode ter causado reações mistas na população.
“Nossos resultados sugerem o uso de máscaras faciais é benéfico para a comunidade por retardar a transmissão de Covid-19. No entanto, a obrigatoriedade por si só pode não ser suficiente para aumentar o uso do acessório”, explica John Brownstein, coautor da pesquisa e membro do Hospital Infantil de Boston. “Recomendamos que os formuladores de políticas considerem estratégias adicionais para avaliar e aumentar o uso da máscara, a fim de interromper a epidemia de Covid-19 em andamento.”
Os cientistas ponderam que a análise não pode provar que o uso de máscara é diretamente responsável por retardar a transmissão do novo coronavírus, pois possivelmente quem relatou usar o acessório também adotou outras medidas preventivas contra a Covid-19. Além disso, o estudo não levou em consideração o rastreamento de contato e os testes de diagnóstico, que podem desempenhar um grande papel no controle da pandemia, e nem os tipos de máscaras utilizados pelos participantes.
Ainda assim, o coautor Ben Rader, da Universidade de Boston, ressalta que: “Uma descoberta importante da pesquisa é que o uso de máscara não substitui o distanciamento físico e que os estados dos EUA que praticaram ambos em níveis elevados têm a melhor probabilidade de controlar a propagação da doença.”
FONTE: REVISTA GALILEU / GLOBO