A votação permitiu que mulheres com miopatia mitocondrial possam substituir seu DNA em inseminações artificiais
A Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido, casa equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. aprovou nesta terça-feira (3) uma lei autorizando cientistas a combinarem o DNA de três pessoas em fertilizações artificiais, ao invés de apenas duas.
Desta forma, uma criança gerada por inseminação poderia ter três pais genéticos diferentes.
A votação no parlamento permitiu que mulheres com miopatia mitocondrial, uma doença nas mitocôndrias, possam conceber bebês saudáveis a partir de uma técnica de substituição de parte do material genético de seus óvulos.
Existem dois tipos de DNA: o nuclear, que é transferido pelos dois pais, e o mitocondrial, que vem apenas da mãe.
Por isso, se uma mãe tem uma doença mitocondrial, a criança também será portadora dela. Cerca de 6,5 mil bebês nascem todos os anos com miopatia mitocondrial, condição que pode causar cegueira, convulsões, além de doenças no coração e fígado.
Muitas vezes, mulheres portadoras de miopatia mitocondrial preferem adotar crianças por temer passarem sua condição aos filhos.
A técnica para a substituição mitocondrial usa o material genético de três pessoas: outra mulher doa um óvulo e os cientistas trocam seu DNA nuclear, responsável por características como altura e cor do cabelo, pelo da mãe da criança, deixando o DNA mitocondrial da doadora intacto.
Como a mitocôndria está localizada fora do núcleo, o óvulo resultante contém apenas DNA mitocondrial saudável, compostos de 37 genes que pertencem à doadora, além dos 25 mil genes da mãe.
Então, o óvulo é fertilizado pelo pai e, dessa forma, o material genético das três pessoas é transmitido para a criança.
Alguns cientistas são contrários à técnica, afirmando que ela seria uma forma de manipular o genoma de uma criança, para que ele evite certos traços genéticos. Outros pesquisadores se preocupam com as questões legais decorrentes de uma criança com três pais.
Agora, a lei deve ser aprovada pela Câmara dos Lordes, o Senado inglês, para depois ser promulgada pelo primeiro-ministro David Cameron, que se posicionou a favor da técnica.
FONTE: EXAME